Entrar no Instituto de Oncologia Pediátrica (Hospital do Câncer Infantil do GRAACC) hoje é fácil. Na primeira vez com o meu filho não foi. Eu já havia ido lá para tratar de uma parceria profissional e tinha achado o lugar meio encantado. Sabe aquela poesia que a gente enxerga quando lida com um problema que não é nosso? Crianças valentes, esperança e muita cor – isso era tudo o que eu via.
No dia em que levei meu filho para a primeira consulta tudo estava diferente. Não lembro de cor e também não lembro de esperança. Quando entrei na porta senti que meus pés já não tocavam o chão. Crianças carecas, amarelas, algumas chorosas, mães cansadas e muito, mas muito mais gente do que eu gostaria de ver. O lugar estava lotado. Pra todos os lados que eu olhava eu via a criança na qual eu não queria que meu filho se transformasse. Por que eu tinha que ir parar ali? Eu queria ir embora. Dei meu nome, fiz o cadastro, resignada. Pronto, agora meu filho tinha um prontuário “naquele lugar”.
Mantive distância de outros pacientes, ainda sem aceitar a situação. Eu observava. Uma adolescente bem magra vomitava muito na cadeira da quimioterapia e brigava com a mãe como se ela fosse a responsável por sua doença. Pobre mãe, eu pensei – ainda tentando me sentir falsamente distante daquele mundo “triste”. A realidade desabou na minha cabeça quando cheguei na porta da sala onde o Lorenzo seria tratado. Crianças com retinoblastoma. Várias. Sequelas. Várias. Me sentia em um inferno. Eu não queria estar ali. Eu não queria que meu filho estivesse ali. Olhei pra ele e vi aquele jeitinho inocente. Tontura. Me encostei na parede e baixei a cabeça. Lágrimas, muitas lágrimas caíram, mas procurei disfarçar para não chatear as mães das outras crianças.
No meio daquela confusão uma mulher se aproximou, parou ao meu lado sem me olhar diretamente e disse no meu ouvido: “Calma, tudo vai passar e seu filho vai ficar bem. Eles precisam da gente forte”. Quando levantei a cabeça ela já tinha se afastado, mas tive tempo de perceber que era a mãe da adolescente que vomitava. Uma mulher simples, de rosto sofrido. Estava de volta ao lado da filha. Me deu um olhar de cumplicidade e se virou para ajudar a menina. No meio de tanta dificuldade, não sei de onde aquela mulher tirou energia para me consolar, como encontrou tempo para observar a tristeza de outra pessoa…
Naquele momento me senti conectada com todas as mães ao meu redor. Todas lutando por seus “bebês”. Aos poucos as cores foram ficando mais vivas, a esperança mais próxima. Senti vergonha da minha fraqueza (“Eles precisam da gente forte”) e muito amor por todas as pessoas que me cercavam.
Me emocionou! Lindo e tocante relato Cris! Impossível não sentir (mesmo que de longe…) a tua angústia e medo naquele momento…
“Ser forte”??? O que é ser realmente forte? Não chorar?
Lágrimas são as palavras que saem da alma…pois essa não possui voz. Na minha opinião, ser forte é agir, é lutar, é assumir uma postura pro-ativa em determinadas situações, mesmo que com lágrimas nos olhos…
Tu és forte! Muito forte!
Grande beijo, Marcinha. Vivendo e aprendendo. Perdendo um pouco da soberba também. Quem sabe aproveito bem essa vida pra me tornar alguém um pouco melhor…
Cris!
Mais um depoimento teu que me emociona!
Força, amiga!
Beijo grande!
Beijão, Aline!
Emocionante, Cris ! Mais um capítulo dessa história que só agora estamos conhecendo, mas que nunca será tarde demais para conhecer. Beijos.
Grande beijo, sogrão
Nossa Cris o sentimento é igual , me vi no seu relato , hoje me sinto mas forte confiante e segura . Deus nao nos abandona em momento algum , Fé significa acreditar tenho colocado minha fé em pratica e tenho visto Deus agir na vida de meu filho , tenho orado por vc e seu bebe , me fala como ele esta , o meu Davi terminou o ciclo de quimio e agora vamos retorna para fazer a ressonancia , mas crente que o Senhor curou meu filho .
bjus descansa no Senhor !!!
Oi Vania, que notícias boas. Bom saber que o Davi está firme e forte, respondendo à quimio e nos mostrando que sempre existe uma saída, um caminho. Meu filho agora está muito bem. Estamos prontos para colocar no passado tudo o que aconteceu. Sempre com o cuidado de não esquecer as lições e tudo que apredemos sobre o que realmente importa nessa vida. Um beijo. Fiquem com Deus.
Vania, por favor, mande notícias do resultado da ressonância. Aqui torcendo muito e com muita confiança na cura. Bj
Olha Cris quando encontrei teu blog ,nao foi por acaso sinto em vc, nos seus comentarios , uma mulher iluminada , especial , no seu blog encontrei esperanca , alguem que estava como eu sofrendo pelo mesmo amor ,mas confiante que tudo ia acabar bem , quando vi seu comentario sobre a cirugia do Lorenço sentir uma sensaçao de paz , mesmo sem saber mas Deus naquele momento me confirmou que tudo corria bem e agora vejo sua mensagem , e GLORIFICO O NOME DO SENHOR , GLORIA A DEUS , amiga estamos juntas nessa luta de Fe e cura e confiantes que nao estamos sozinhas , temos um Deus que nao nos desampara em momento algum , retorno a sao paulo no dia 15 de maio e assim que fizer o exame te mando noticias …FICA COM DEUS.
Da um beijinho nesse menininho abençoado !!!
Mensagem para refletir:
Os anjos do Senhor acampam ao redor daqueles que temem a Deus !
AMEM!
Um beijão, Vania. Você não imagina como é gostoso receber suas mensagens. Muita força aí. Sempre torcendo aqui. Beijo
Olá, estou emocionadíssima com a sua história. Estou passando e sentindo tudo que você relatou no início do tratamento do seu filho.Ela está internada, com febre altae com os leucócitos e plaquetas baixíssimos, Já recebeu 4 bolsas de plaqueta e de sangue. Não estou segurando mais a situação,
Terezinha, que Deus te acompanhe. Ás vezes parece que a gente não vai aguentar, eu sei. Muito difícil, muito pesado. Mas estou aqui rezando para que sua filha melhore e que as coisas voltem ao normal. Por favor, avise se quiser conversar fora do blog, por email ou telefone. Também fique a vontade para falar por aqui. Sempre ajuda poder desabafar. Muito carinho, muita energia! Um beijo grande. Cris
Cris, temos passado por momentos de grande provações, desde o meu último email em maio. No dia 14 de maio minha filha foi para o cti com insuficiência cardíaca e respiratória devido a grande queda de imunidade causada pela última quimio no início de maio. Devido as altas doses de adriblastina, seu coração aumentou e quase não batia mais. Foi intubada, permanecendo nas mãos de Deus por 10 dias. Suas médicas choravam a cada vez que iam ao cti. Fiquei muito triste com tudo que estava acontecendo, mas não perdia as esperanças. Logo, pedi ajuda aos amigos para conseguirem o máximo de doadores de sangue que ela precisava com miuta urgência e mais de 100 pessoas compareceram ao banco de sangue, graças a Deus. Sempre ligava para o cti e tinha as mesmas respostas. Então parei de ligar e ia todos os dias visitá-la e conversava com ela sobre tudo que estava acontecendo em casa, na rua, no mundo, como estava o tempo, etc.Os médicos do cti sempre me desanimavam, mas eu respondia que ela estava sim , melhor a cada dia. Pedia a Deus que a livrasse do pesadelo que estava vivendo mesmo que fosse aos poucos. E Ele nos ouviu. Foi acordando deixando todos surpresos.e ficou conhecida como “a menina que ressuscitou”. Não me importei com o apelido e agradeci a Deus pela recompensa em não desanimar. Foi para casa e deve que fazer controle com o cardiologista. No final de julho ela começou a sentir fortes dores no torax do lado esquerdo e a levei a emergência do hospital e o médico disse que poderia ser implante secundário no pulmão. O chão se abriu novamente. Tudo estáva tão calmo, a Gabi estudando eu me preparando para voltar ao trabalho depois de 1 ano afastada. O pesadelo ia começar de novo.Sua médica pediu tomos e ressonâncias com urgência. Gabi já não estava mais aguentando de dores pelos corpo negando -se ir ao hospital. Mas no dia que ia sair o resultado, dia 10 de agosto passou muito mal durante a noite, ficando se respirar, pressão muito baixa, foi levada ao hospital e encaminhada ao cti novamete. Estava com forte hemorragia pulmonar e foi constatado que tinha implantes segundários no pulmão. Ficou muito desanimada e disse que não ia mais fazer quimio. Fiquei desesperada, pois ela é uma menina muito decidida. Esperamos e demos um tempo para ela entender o que estava acontecendo. Conseguiram retirar mais de 1 litro e meio de sangue do seu pulmão e resolveram colocar um dreno para que depois pudessem fazer um procedimento cirurgico no seu torax, para colar a pleura. Mas foi impossível pois tiveram que retirar o dreno, o sangue tinha coagulado e o intupiu. Foii para casa, e hoje faz uma semana que passamos por este momento tão difícil e doloroso. Gabi, resolveu fazer quimio novamente, triste por perder os cabelos que já cobriam todo o couro cabeludo, mas muito feliz por poder se tratar novamente. Segundo sua médica, desta vez não vai precisar ficar internada e vai ser ambulatorial. Espero que tudo de certo, minha filha é muito linda e quer viver para fazer sua faculdade de artes tão sonhada, casar, ter um monte de filhos e viver intensamnte como toda adolescente. Daqui a pouco ela tem consulta de retorno com o cirurgião e está dormindo tranquila ao meu lado. Peço a Deus que continue curando minha filha tão amada e protegendo todas as pessoas que passam pelo mesmo problema. Peço forças, sabedoria e entendimento diante do amanhã que chega sempre tão rápido. Beijos e obrigada pela torcida. Torcemos por você também, e´que Deus continue iluminando seu filhote também. Forças, hoje e sempre mãe guerreira.
Terezinha, eu queria muito conseguir invadir esse computador e chegar até você junto com minha mensagem para te dar um grande abraço e passar muita energia boa. Esse pesadelo vai passar. A Gabi é uma menina corajosa, como você, e aos poucos as coisas vão se ajeitando. Se quiser um ouvido amigo, um momento pra desabafar, me procura. Se tiver um Skype a gente pode até se ver. Quantos anos tem a Gabi? Beijo! Sigo rezando por vocês.